quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Gatoterapia

Esses fascinantes animais, já eram adorados como Deuses pelos antigos Egípcios, e atualmente o convívio entre homens e gatos se torna cada vez mais harmonioso quando há a reciprocidade, ou seja, um em benefício do outro. Esse é o objetivo da Gatoterapia, a incrível arte de se curar com a ajuda dos bichanos.

Introduzida no Brasil entre o final da década de 1940 e início da década de 1950 no tratamento de pacientes com esquizofrenia, a Zooterapia, ou terapia assistida por animais, teve como seu primeiro colaborador o gato, que é um animal que transmite tranqüilidade e equilíbrio no relacionamento com humanos.

Esse tipo de terapia está sendo muito utilizada nos dias de hoje, pois vivemos em uma sociedade moderna em que a correria do dia-a-dia está formando cada vez mais cidadãos estressados e hiper-tensos. Pensando nisso, estudos realizados no campo da cardiologia mostram que as pessoas que interagem constantemente com animais tendem a apresentar menores níveis de estresse e pressão arterial, além de desenvolverem menos problemas cardíacos. No caso dos gatos, os benefícios ultrapassam a barreira física, pois a Gatoterapia é também uma ferramenta importantíssima na cura de problemas mentais e emocionais.

Com a companhia dos gatos, uma pessoa depressiva, por exemplo, se espelha no estilo de vida do animal para ajudar a si mesma, pois a independência e autocontrole instintivos dos felinos são reconhecidos por todos e pode ajudar muitos que sofrem de desequilíbrio emocional.

Algumas crenças antigas diziam que os gatos eram animais místicos, capazes de transmutar as energias negativas do ambiente enquanto dormiam, portanto se dormiam muito, havia muita energia ruim no ambiente, e se não conseguiam filtrar toda essa energia, o gato acabava acumulando isso em forma de gordura. Porém, isso tudo já foi constatado como mera fantasia, já que hoje em dia sabemos que é da natureza dos felinos dormir muitas horas por dia e ter certo acumulo de gordura.

Mas nem tudo é mentira, já que para alguns especialistas, o gato é por essência um ser que tem este “poder” de transmitir paz e relaxamento, retirando as energias negativas do ambiente e trazendo felicidade para o ser humano, como muitos dizem é uma “higiene mental”.
Portanto, além da companhia, os gatos agora têm um papel a mais que age em benefício do ser humano: o ensinamento para uma vida livre de interesses, com fidelidade, companheirismo e autocontrole, respeitando os limites do próximo, mas ao mesmo tempo impondo seus limites.

A sangue frio

“A sangue frio”, de Truman Capote é um clássico da literatura e um livro jornalístico que traçou uma mudança no processo de escrita do jornalismo. Também denominado como romance de não ficção, o livro é uma reportagem narrativa, que combina práticas jornalísticas e estruturas de narração da ficção.

Em 1959, um brutal assassinato de uma família de Holcomb, no estado do Kansas, desperta a curiosidade de um jornalista que viria a escrever um best-seller de grande repercussão no século XX.

Truman iniciou seu livro com um grande material de dezenas de entrevistas, depoimentos, uma infinidade de recortes de jornal, agendas, diários, cartas dos assassinos e relatórios policiais. Material que culminou em oito mil páginas de anotações e tomou seis anos para sua averiguação.
Mais do que simplesmente narrar os acontecimentos de um assassinato e a trajetória dos bandidos, Capote preocupou-se em mostrar a partir do assassinato, o choque que existia entre as duas Américas: o país seguro que a família Clutter conhecia e o país desenraizado e amoral habitado pelos seus assassinos.

A grande característica do livro é a riqueza de detalhes e uma narração minuciosa que o autor usa para que o leitor consiga visualizar exatamente a cena do crime, o sofrimento das vítimas e mais do que tudo, entrar na mente dos assassinos. Tudo isso utilizando sua própria memória como ferramenta principal, descartando o uso de gravadores frente aos entrevistados, e interligando sua memória visual dos fatos com o conteúdo jornalístico literário.

A família Clutter vivia em uma cidadezinha pacata no Kansas, onde Capote ficou um ano respirando os ares que a família respirava e arrecadando o máximo de documentos e dados possíveis. Com isso, ele descreve no livro o impacto que os homicídios tiveram na cidade, os moradores, as suas angústias, incertezas, suas ambições, e até levanta questões sobre o sucesso de uma família tradicional considerada feliz e perfeita.

Quanto aos assassinos, Perry Smith e Dick Hickock, o autor consegue narrar a trajetória desde a cena do crime até o corredor da morte. E depois com muitas visitas feitas na prisão, Capote traça um perfil dos dois levando em conta a família, a infância e os momentos difíceis que passaram.
No desenrolar das investigações, existe uma humanização do autor em relação aos assassinos, que faz Truman desenvolver uma estreita ligação entre eles, em particular a Perry, que mesmo com seu ímpeto violento, é caracterizado no livro como um homem maltratado pela vida, mas que deixa transparecer em alguns momentos uma fragilidade e sensibilidade que fascinam o autor chegando a deixá-lo apaixonado pelo assassino.
Um olhar diferente, e aprofundado sobre um tema que teve muita repercussão na mídia fez com que até hoje “A sangue frio” seja reconhecido como uma das mais arrasadoras reflexões sobre a violência na América.