quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Grande Nersão

O jornalista, escritor e dramaturgo, Nelson Rodrigues, é reconhecido por suas frases polemicas e seus textos eróticos que caracterizam seu olhar irônico e satírico sobre o cotidiano. Suas obras refletem a existência nua e crua, reconhecida e imaginada por muitos. Sua escritura foca o universo visto pelo personagem, suas dores ambições e taras secretas que são inconfessas por nós, mas Nelson Rodrigues põe todos os escândalos à tona da forma mais poética possível.

Nelson Rodrigues nasceu na cidade de Recife em 23 de agosto de 1912, filho do casal Maria Ester falcão e o jornalista Mário Rodrigues tiveram.
Sua família se mudou para o Rio de Janeiro, onde segundo o próprio Nelson foi seu grande laboratório de inspiração, onde o garoto observava atentamente as situações cotidianas da classe média.

Na década de vinte Mario Rodrigues fundou o jornal “A manhã”, onde Nelson começou sua carreira jornalística na seção de polícia com apenas treze anos de idade. Muitos dos casos reais que ocorriam na seção, foram usados pelo adolescente em suas crônicas.

Seu pai Mario Rodrigues perdeu o controle acionário do jornal “A manhã”, mas em 1928 fundou o diário “Critica”. Foi nesse jornal que Nelson Rodrigues criava personagens como “Gravatinha” e “Sobrenatural de Almeida” para elaborar textos sobre os acontecimentos do seu clube do coração o fluminense, descobrindo então sua paixão pelo futebol que lhe marcou um estilo literário.
Porém nesse período aconteceu uma tragédia que mudaria para sempre a vida de Nelson Rodrigues.

No dia 26 de novembro de 1929 o jornal “Crítica” estampa na primeira página uma matéria sobre o desquite de Sylvia e José Thibau Junior. Pela manhã Sylvia entrou na redação da “Crítica” procurando por Mário Rodrigues não o encontrando, pede para falar como seu filho Roberto da-lhe um tiro no estômago. Nelson viu e ouviu a morte do irmão com 17 anos, e essa foi a primeira cena de violência brutal que ele presenciava. Ninguém conseguirá penetrar no teatro de Nelson Rodrigues sem entender a tragédia provocada pela morte de Roberto.

Mario Rodrigues deprimido com a perda do filho faleceu meses depois e o jornal “Crítica” deixa de existir.
Depois de recuperar-se da morte de seu pai, Nelson passa a trabalhar no jornal “O globo”, na redação do jornal conheceu Elza Bretanha, com quem se casou em 1940. No ano seguinte Nelson escreve sua primeira peça, “A Mulher sem Pecado”, e depois “Vestido de Noiva”, e “Álbum de Família.”

Em 1950 passa a trabalhar no jornal “A última hora”, onde começou a escrever as crônicas de “A vida como ela é”, seu maior sucesso jornalístico. Além de textos como, Senhora dos Afogados, Dorotéia, Valsa Nº 6, Perdoa-me por me Traíres e Viúva, porém Honesta.

Os compromissos jornalísticos, a decepção com a receptividade de suas peças e os problemas de saúde fazem com que Nelson deixe de escrever para o teatro durante oito anos. Seu penúltimo texto dramático é Anti-Nelson Rodrigues, de 1973, e, ao contrário das anteriores, dá um final feliz aos protagonistas da trama.

Consagrado como jornalista e teatrólogo sua saúde começa a decair. Nelson em 1980 aos 68 anos de idade de complicações cardíacas e respiratórias. Dois meses depois Elza cumpriu o seu pedido de ainda em vida gravar o seu nome ao lado do dele na lápide sob a inscrição: “unidos para além da vida e da morte. E é só”.

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